sábado, 30 de maio de 2015

Estados Unidos

Sempre pensei numa viagem para os Estados Unidos como algo secundário, porque associava o destino a compras e comida ruim. Como boa gordinha muquirana esse preconceito não me animou muito a conhecer o país.
Dezenas de destinos entraram/entrariam na frente na minha lista mental de destinos a conhecer.
Os planos de um amigo para uma possível viagem de carro pela rota 66, San Francisco e Califórnia me fez pensar um pouco, a possibilidade de finalmente ir para o jazz festival em New Orleans me empolgou um pouquinho mais e com a realização de um velho, batido e medroso sonho de uma volta ao mundo ficou difícil não incluir os EUA no roteiro.
New Orleans foi a primeira parada e foi incrível!
Assistir os shows da Jean Knight, do Jerry Lee Lewis e do Preservation Hall foi maravilhoso. Nunca imaginei assistir a um show dos dois primeiros.
Ver dezenas de bons shows na rua no French Quartier ao longo da tarde e nos bares da Frenchmen durante a noite só me encantaram ainda mais.
Pude ouvir os mais variados estilos de jazz e blues a poucos metros de distância. E o mais impressionante, a maioria gratuito (incentivo para os músicos de rua e uma bebida mínima de consumação nos bares).
Não bastasse tudo isso, os moradores te cumprimentam nas ruas (mesmo com dificuldade em entender o sotaque reconheci a simpatia..rs).
Quanto a comida tradicional: Criolla e Cajun, confesso que gostei nas primeiras vezes que comi, mas depois acabei enjoando por conta do forte tempero e muita pimenta.
Segundo destino e mais preconceito..RS Vegas!
Esse preconceito não caiu totalmente nessa viagem. Vegas é um tipo de lugar em que vão muitos estudantes/recém formados americanos para curtir a Sin City e muita gente com sérios problemas com jogos e bebida.
Pode ser uma cidade incrível para quem gosta de curtição e de jogos, mas não é pra mim. 3 dias foi mais que suficiente para tentar reconhecer as cópias, andar pela Strip St, jogar um pouquinho nos caças níquels, comer e beber. O meu único arrependimento foi não ter visto nenhum espetáculo.
De lá segui para o destino principal da região: Grand Canyon e arredores.
A minha cidade base foi Flagstaff e foi uma ótima escolha: cidade pequena, mas bem estruturada.Cidade universitária de 60 mil habitantes, sendo 1/3 estudantes. Muitas opções de música ao vivo e restaurantes (só não espere jantar depois das 21h que encontrará muitas cozinhas fechadas).
Primero dia foi de granizo e neve. Segundo dia de frio absurdo e eu comprando moletom turístico, porque não esperava esse frio todo no deserto (não sabia a altitude da cidade e influência no c!ima) e um mini festival de música a noite. Terceiro dia de sol e frio a noite e imensa admiração no Antílope Canyon, Horseshoe Bend e Lake Powell na cidade de Page (cerca de 2h30/3h de Flagstaff). Quarto dia foi o dia de ir no parque, voltar após se deparar com uma cobra e assistir a uma banda excelente de blues no centro da cidade. Quinto dia de Grand Canyon (cerca de 1h30/2h de Flagstaff). E sexto dia de Sedona (cerca de 40min de Flagstaff). Resumindo, se quiser curtir o máximo dos arredores sem descanso, 3 dias inteiros são suficientes.
Um dos pontos fracos da região é em relação ao transporte, tanto público quanto privado pra quem não dirige. Sedona é muito perto de Flagstaff, mas para ir pra lá ou você reserva shuttle com um dia de antecedência e a 78 dólares ou divide um taxi a 120 dólares no total. Antílope Canyon e Horseshoe Bend são feitos por poucas agências, tem que reservar com antecedência, sujeito a quantidade mínima e a preços altos (minha opção foi dividir o aluguel de um carro). Grand Canyon é o mais tranquilo, tem mais opções de passeios, mais fácil atingir a quantidade mínima e também há opção de pegar um shuttle + ônibus dentro do parque.
New York já começa com a jornada na véspera da viagem, porque o hostel cancelou a reserva feita 2 meses antes por overbooking e a Booking levou tempo demais para sugerir as trocas possíveis.
A localização próxima do metrô é imprescindível e por isso, as boas opções de preço + localização esgotam rapidamente.
Enfim New York, sinceramente a chegada no aeroporto ao pôr do sol e a incrível vista me fizeram pensar que me impressionaria mais com a cidade.
Não sei se por já morar no centro de uma cidade grande, não sei se por não ter ido aos "lugares certos", não sei se porque não fui com o objetivo de compras, não sei se pelo cansaço da viagem, mas achei uma São Paulo maior, mais organizada e mais segura, mas apenas mais uma grande cidade.
Cada bairro parece uma cidade diferente: há umas 15 quadras do Financial District e da Tribeca (muitos prédios, muita imponência e milhares de turistas tentando tirar foto da bolsa de valores e do búfalo), você chega a uma Chinatown imensa e que mal fala inglês (muitos mercados de peixes, de frutas, de tranqueirinhas, muita gente, muito falatório, enfim muito interessante). Mais algumas quadras e você chegará na ponte Williansburg, atravessar essa ponte é mudar completamente a paisagem (muitas galerias de arte, bares e restaurantes em terraços, mesas na calçada e grafites pelas ruas - é tida como a parte cool do Brooklin). Ao redor do central park o poder aquisitivo muda consideravelmente e a quantidade de museus ao redor é impressionante (é basicamente o que vemos nos filmes e seriados..rs O terraço do Metropolitan Museum é uma graça e tem uma bela vista para o central park e highline de Manhattan). Terminando o central park começa o Harlem e tchanam! as casas e os prédios diminuem, o tipo dos comércios e restaurantes mudam e parece uma outra cidade (a cultura negra é predominante - mesmo sem poder comprar, não resisti a uma saia/ vestido no Malcolm Shabazz Harlem Market).
A caminho de Chicago a partir de Toronto, eu optei por ir de ônibus pela Greyhound, porque não havia carona e devido ao alto valor da passagem aérea. E tudo ia bem até a divisa do Canadá com os Estados Unidos, quando por um problema de comunicação da Greyhound, da falta de noção da motorista e de um atraso de 10 minutos na imigração, nós perdemos a conexão e tivemos que passar 7 horas esperando em Detroit pelo próximo ônibus pra Chicago.
Após a irritação inicial, conheci uma canadense e um americano e decidimos aproveitar o tempo livre pra jantar e conhecer um pouquinho de Detroit.
A rodoviária fica a uns 10 minutos a pé da margem do rio e do centro, o que nos possibilitou jantar, ver o pôr do sol, assistir alguns clipes do Michael Jackson no festival de verão na praça e ainda tomar uma cerveja antes da 1 da manhã, quando finalmente tomaríamos o segundo ônibus em direção a Chicago.
Cheguei pela manhã acabada e ansiosa pelo meu primeiro couchsurfing e a surpresa não podia ser maior: fui super bem recebida desde a rodoviária, a estrutura da casa era ótima e pude finalmente descansar depois de tantos hostels.
Na minha viagem, eu sinceramente só decidi os pontos centrais (porque tinha que definir os vôos) e os detalhes das primeiras cidades (porque sabia que teria que apresentar todas as reservas na imigração dos Estados Unidos). Chicago foi o primeiro destino que eu não fazia ideia que iria e não pesquisei quase nada antes e para minha sorte, além de uma ótima experiência no couchsurfing, eu ainda consegui conciliar meus dias livres com o 32° Blues Festival (Buddy Guy, Toronzo e as homenagens ao Willie Dixon e Muddy Waters já valeram a viagem).
Chicago é uma bela cidade grande e sem os apelos de status e compras que eu senti em New York.























































































Nenhum comentário:

Postar um comentário